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Estudo Morfofuncional da Criança Vianense.
Valores
normativos de crescimento, morfologia e aptidão física Luís Paulo Rodrigues, César Sá, Pedro Bezerra, e Linda Saraiva Departamento de Motricidade Humana Escola Superior de Educação | Instituto Politécnico de Viana do Castelo Novembro 2006 | EMCV | INÍCIO | INTRODUÇÃO | MORFOLOGIA | APTIDÃO FÍSICA | CONCLUSÕES | BIBLIOGRAFIA | INTRODUÇÃO O estudo das características morfológicas e de aptidão física das populações em geral, e da criança e jovem em particular assume uma importância fundamental na percepção das condições do desenvolvimento do indivíduo. Actualmente percebe-se com clareza que as circunstâncias do envolvimento próximo se somam às condicionantes morfológicas e de aptidão física na determinação dos estilos de vida adoptados, assumindo-se assim como determinantes na prevenção da saúde das populações. Partindo destas preocupações, o Departamento de Motricidade Humana da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (ESEVC) iniciou no ano de 1995 com a colaboração da Câmara Municipal de Viana do Castelo (CMVC), da Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), das escolas intervenientes, um largo estudo de caracterização da criança do concelho de Viana do Castelo designado por Estudo Morfofuncional da Criança Vianense (EMCV). Este projecto teve como objectivos principais, (1) caracterizar normativamente as variáveis de crescimento morfológico e de aptidão física ao longo do desenvolvimento na população infanto-juvenil do concelho, e (2) avaliar a adequação dos perfis exibidos pela criança e jovem Vianense de acordo com critérios referenciados à prevenção da saúde. Este estudo compreendeu um primeiro período experimental (1995-1996) durante o qual foram experimentadas as metodologias e procedimentos a utilizar na recolha de dados, e um segundo período que durou cinco anos consecutivos (1997-2000) e durante o qual se procedeu à recolha da informação relativa às crianças pertencentes a 15 escolas de 1º Ciclo do Ensino Básico do concelho. A informação que apresentamos neste documento diz apenas respeito à caracterização normativa das variáveis morfológicas e de aptidão física (o tratamento e apresentação das variáveis de índole bio-social, e o seu cruzamento com as restantes será objecto de uma outra publicação). A estrutura e apresentação dos resultados foram pensadas como instrumento de trabalho e consulta para professores e educadores que, na escola, trabalham com esta população. Como tal são apresentadas as caracterizações normativas para cada idade, possibilitando assim a localização e comparação das crianças com o grupo a que pertença. Amostra A escolha das quinzes escolas do 1º Ciclo do Ensino Básico pertencentes a esta amostra obedeceu a critérios de localização geográfica e de representação equitativa de idades, género e ambiente socio-económico. As duas escolas do meio urbano, mais populosas, situavam-se no centro da cidade de Viana do Castelo (Avenida e Carmo), e pertenciam a freguesias consideradas exclusivamente como urbanas segundo o critério de classificação territorial do INE (2003). As restantes treze escolas encontravam-se dispersas no tecido ruralizado do Concelho (Portelas e São Gil [Perre], Cardielos, Outeiro, Nogueira, Serreleis, Samonde, Deocriste, Santa Maria de Geraz do Lima, São Salvador da Torre, Subportela, Vila Mou, e Deão). Todas as crianças pertencentes às escolas seleccionadas foram observadas anualmente de 1997 a 2000. No total foram realizadas 4151 observações (2127 raparigas, 2124 rapazes) entre os 6 e os 17 anos de idade. Nesta publicação são apenas tratados os resultados relativos às idades mais usuais para alunos do 1º CEB, ou seja, serão apresentados os resultados relativos as crianças com 6, 7, 8, 9, e 10 anos, resultando num total de 4071 indivíduos (2060 raparigas, 2011 rapazes) cuja distribuição pelas escolas é reportada no quadro 1. Quadro 1. Distribuição da amostra por Escolas, Sexo e Idades.
Nota: Os anos referem-se a anos completos (por exemplo consideram-se com 6 anos desde os 6.0 até aos 6.9 anos decimais, ou seja até fazer 7 anos) Variáveis Foram recolhidas variáveis Morfológicas (Antropométricas e Somáticas) e de Aptidão Física apresentadas no quadro abaixo (quadro 2). Quadro 2. Definição das variáveis em estudo.
A recolha das variáveis antropométricas obedeceu aos protocolos descritos por Lohman, Roche e Martorelli (1988). A bateria de aptidão física utilizada foi composta por testes pertencentes à AAHPERD Youth Fitness (1976), à AAHPERD Health Related Physical Fitness (1980), e à Eurofit (1988). Esta selecção de testes deveu-se a critérios de familiaridade, possibilidade de utilização ao longo de sucessivos níveis etários, e facilidade de administração e medição/avaliação das várias componentes da aptidão física com pouco ou nenhum equipamento. Os protocolos de testagem das variáveis de aptidão física são apresentados no final deste documento (Anexo A). A recolha de dados antropométricos e de aptidão física decorreu anualmente durante os meses de Abril e Maio. Após terem sido obtidas autorizações do Centro de Área Educativa de Viana do Castelo e dos encarregados de educação, as escolas pertencentes ao estudo deslocaram-se às instalações da Escola Superior de Educação com o apoio de autocarros pertencentes à Câmara Municipal de Viana do Castelo. Durante uma manhã cada grupo de alunos, acompanhados dos respectivos professores, percorreram um circuito de mensuração morfológica e testagem da aptidão física. O circuito decorreu num ginásio e espaço desportivo exterior e a sua ordem de execução foi: ALT, Peso, SKTRI, SKSBS, SKSIL, SKGML, DBCU, DBCF, PBRC, PGML, TSB, SR, SHR, SCP, ABD, C50 e CVV. Todos os procedimentos utilizados no EMCV respeitaram as normas internacionais de experimentação com humanos, expressas na Declaração de Helsínquia de 1975. Controlo de Qualidade dos Dados As equipas de observação foram constituídas por alunos finalistas do Curso de Educação Física, previamente treinadas nas tarefas específicas que desempenharam. Os observadores permaneceram fixos numa das estações de testagem durante toda a fase de recolha de dados. Uma em cada doze crianças foi escolhida aleatoriamente para repetir a execução dos testes antropométricos e de aptidão física (à excepção dos ABD e CVV, por objectivamente medirem a força e a resistência máxima e os níveis de fadiga instalados após primeira recolha poderem influenciar os resultados de uma segunda recolha). Os coeficientes de correlação intra-classe resultantes desta repetição são apresentados no Quadro 3 e situaram-se sempre entre valores considerados como aceitáveis (.76 a .99) numa recolha desta natureza (Shrout & Fleiss, 1979). Todos os momentos da recolha de dados foram supervisionados pelo menos por um dos autores, de forma a assegurar a qualidade do processo. Os dados finais, após introdução numa base de dados informatizada, foram submetidos a um processo de detecção de erros. O registo de distribuição de cada variável foi analisado e todos os valores detectados como extremos foram reconfirmados nos registos originais e corrigidos ou apagados (nos casos em que existia erro evidente no registo original). Não foi utilizado qualquer tipo de substituição de valores em falta (missing values), pelo que todos os indivíduos a quem faltavam algum dos valores das variáveis em estudo foram retirados da amostra. Quadro 3. Valores do Coeficiente de Correlação Intraclasse para cada variável por ano de recolha e total agregado.
Nota: Os CCI indicados são de tipo 3,1 geralmente referidos como medidas simples de correlação intraclasse. Estrutura de Apresentação dos Resultados A apresentação dos resultados é dividida por dois capítulos, um relativo às variáveis morfológicas e outro relativo às variáveis de aptidão física. Na estrutura do texto optamos por apresentar para cada variável uma tabela onde são apresentados, por género e intervalo de idade, a média (M), desvio-padrão (DP) e o número de crianças (n), acompanhada da representação gráfica dos valores médios. São posteriormente apresentados os valores percentílicos encontrados na amostra (p05, p10, p25, p50, p75, p90, e p95), bem como a sua representação gráfica por género e idade. São utilizadas duas formas de definição etária. Na representação das médias são usados intervalos etários de 6 meses ou 0.5 anos decimais (6.0-6.49, 6.5-6.99, 7.0-7.49, etc), enquanto relativamente aos valores percentílicos, e por razões de dimensão da amostra necessária a este tipo de análise, foram consideradas as idades inteiras das crianças, ou seja 6, 7, 8, 9, e 10 anos completos. Para cada variável foi realizada uma breve análise descritiva e comparativa dos valores encontrados e do seu significado para a nossa população infanto-juvenil, utilizando (quando existentes) os dados recolhidos em estudos nacionais e internacionais de referência. Rodrigues L, Sá C, Bezerra P, Saraiva L (2006). Estudo Morfofuncional da Criança Vianense . Viana do Castelo: CMVC. |