Estudo Morfofuncional da Criança Vianense


Estudo Morfofuncional da Criança Vianense.

Valores normativos de crescimento, morfologia e aptidão física
dos 6 aos 10 anos de idade.

 Luís Paulo Rodrigues, César Sá, Pedro Bezerra, e Linda Saraiva

Departamento de Motricidade Humana

Escola Superior de Educação | Instituto Politécnico de Viana do Castelo 

Novembro 2006


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APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DE APTIDÃO FÍSICA

Abdominais em 60 segundos (ABD)

Tempo de Suspensão na Barra (TSB)

Salto em Comprimento sem Corrida Preparatória (SCP)

Corrida de Resistência em Vai-vem de 20 metros (CVV)

Corrida de 50 metros (C50m)

Corrida de Agilidade 4x10 metros (Shuttle Run) (SHR)

Senta-e-Alcança (Sit-and-reach) (SR)


Neste capítulo apresentamos os resultados relativos aos testes de Aptidão Física. A bateria de testes efectuada (ver descrição no anexo A) compreendeu os testes de abdominais em 60 segundos (ABD), o tempo máximo de suspensão na barra (TSB), o salto em comprimento sem corrida preparatória (SCP), a corrida de resistência em vaivém de 20 metros (CVV), a corrida de agilidade 4x10 metros (SHR), a corrida de velocidade em 50 metros (C50), e o teste de flexibilidade sit-and-reach (SR).

Para cada um destes testes apresentamos em primeiro lugar a representação gráfica e tabular dos valores médios e de desvio-padrão para ambos os sexos. Seguidamente podem ainda ser consultados os valores da distribuição percentílica (percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95) por sexo e idade.

A análise efectuada aos dados recolhidos centra-se na descrição e comparação dos percursos de desenvolvimento para os rapazes e raparigas. Para tal foram utilizados valores recolhidos na população portuguesa em estudos contemporâneos com valores amostrais grandes e que utilizaram testes iguais aos nossos, nomeadamente o Estudo de crescimento da Madeira (Freitas, 2002), o Estudo do crescimento somático, aptidão física e capacidade de coordenação corporal de crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico da Região Autónoma dos Açores (Maia et al., 2002, 2003, 2006),  e o Estudo de Crescimento da Maia (Pereira, 2000). Nas referências internacionais procuramos utilizar os valores das baterias que integram actualmente estes testes de ApF, designadamente o President’s Challenge Physical Fitness Tests (PPF, 1987), a AAHPERD Health Related Physical Fitness (1988), e o Fitnessgram (1999). Poder-se-á assim perceber melhor qual a situação actual das crianças Vianenses, quer quanto ao panorama nacional, quer no contexto internacional. Parece-nos importante referir que a informação sobre a aptidão física de crianças entre os 6-10 anos não é grande, já que a maior parte das baterias iniciam as suas tabelas normativas aos 9-10 anos.

 


(voltar ao início)

Abdominais em 60 segundos (ABD)

 

Quadro 35 – Número de crianças (n), média (M)e desvio-padrão (DP) no teste ABD entre os 6 e os 10.5 anos.

 

 

 

Masc

 

 

 

Fem

 

Idade

n

M

DP

 

n

M

DP

6.0

55

22

8

 

64

20

9

6.5

269

21

9

 

253

21

9

7.0

225

24

8

 

235

22

8

7.5

273

25

8

 

262

24

8

8.0

213

26

8

 

229

25

8

8.5

276

27

7

 

280

25

7

9.0

208

28

8

 

219

26

9

9.5

245

29

8

 

270

26

8

10.0

168

30

9

 

182

26

9

10.5

71

28

7

 

50

25

9

Figura 25 – Valores médios no teste ABD entre os 6 e os 10.5 anos

 

Figura 26 – Representação percentílica do teste ABD (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.

 

Quadro 36 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 do teste ABD para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.

 

Masculino

 

Feminino

Idade

p05

p10

p25

p50

p75

p90

p95

 

p05

p10

p25

p50

p75

p90

p95

6.0-6.9

5.1

11.0

17.0

21.0

26.0

31.0

33.0

 

5.0

8.0

15.0

22.0

27.0

31.0

34.0

7.0-7.9

10.0

13.4

20.0

25.0

30.0

34.0

37.0

 

8.0

12.0

19.0

24.0

28.0

32.0

35.0

8.0-8.9

13.0

17.0

23.0

27.0

32.0

35.0

38.0

 

11.0

15.0

21.0

25.0

30.0

34.0

36.5

9.0-9.9

14.0

18.0

24.0

29.0

34.0

37.0

41.0

 

11.0

15.0

20.8

26.0

31.0

36.0

39.0

10-10.9

13.8

17.5

24.0

29.5

34.0

39.0

42.3

 

8.0

13.0

20.0

26.0

32.0

36.0

40.0

 

 

Quadro 37 – Valores médios no teste ABD nas baterias internacionais da AAHPERD e no PPF

 

EUA

 

AAHPERD

PPF

Idade

Masc

Fem

Masc

Fem

6.0

20

20

22

23

7.0

24

24

28

25

8.0

26

26

31

29

9.0

30

28

32

30

10.0

34

30

35

30

Os rapazes realizaram, em média, um maior número de abdominais do que as raparigas, e esta diferença aumentou com a idade. Nas raparigas o desempenho melhorou apenas até aos 7.5 anos, após o que estabilizou por volta das 25 execuções. No sexo masculino o desempenho aumentou até mais tarde (10 anos), parecendo depois sofrer um fenómeno idêntico ao do sexo feminino com um retrocesso aos 10.5 anos que poderá eventualmente significar uma estabilização mais tardia da performance. Este comportamento da evolução média é melhor decifrado quando se analisam as curvas percentílicas (figura 26). De facto o que verificamos é que as prestações acima do p50 demonstram tendência para aumentarem sempre, mas as que se situam abaixo do p50 estabilizam a partir dos 8 anos, existindo mesmo um decréscimo nas raparigas. Isto parece significar que, apesar de ser relativamente normal as crianças conseguirem aumentar a sua prestação de força abdominal com a idade, isto apenas acontece para quem é capaz de um desempenho médio ou acima da média. Para os que sentem dificuldades as melhorias associadas à idade são nulas, ou mesmo negativas (principalmente nas raparigas) logo a partir dos 8 anos, o que é preocupante. Comparativamente aos valores de referência para a população infantil Norte-Americana (quadro 37), as nossas crianças apresentam valores médios mais baixos a partir dos 8-9 anos, atingindo aos 10 anos diferenças de cerca de 4 a 5 abdominais a menos para ambos os sexos.

 


(voltar ao início)

Tempo de Suspensão na Barra (TSB)

 

Quadro 38 – Número de crianças (n), média (M) e desvio-padrão (DP) no teste de suspensão na barra entre os 6 e os 10.5 anos.

 

 

Masc

 

 

 

Fem

 

Idade

n

M

DP

 

n

M

DP

6.0

55

14.1

16.4

 

64

12.2

12.3

6.5

269

12.8

14.0

 

254

10.2

13.3

7.0

225

15.2

17.4

 

236

12.2

15.5

7.5

273

12.8

13.6

 

263

11.7

15.4

8.0

214

16.8

15.1

 

229

11.0

13.5

8.5

276

15.7

13.1

 

280

12.0

14.0

9.0

208

18.4

18.2

 

219

11.1

14.6

9.5

246

16.8

14.5

 

270

14.2

13.3

10.0

167

22.3

19.2

 

184

12.1

12.4

10.5

71

18.4

15.8

 

50

13.5

11.5

Figura 27 – Valores médios no TSB entre os 6 aos 10.5 anos.

 

Figura 28 – Representação percentílica do TSB (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.

 

Quadro 39 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 do TSB para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.

 

Masculino

 

Feminino

Idade

p05

p10

p25

p50

p75

p90

p95

 

p05

p10

p25

p50

p75

p90

p95

6.0-6.9

1.2

2.8

6.3

12.2

20.6

35.3

44.0

 

0.0

1.3

4.6

9.6

18.2

31.7

43.5

7.0-7.9

1.5

3.0

7.1

12.9

23.2

40.3

51.3

 

1.0

2.2

5.4

11.0

20.7

35.2

47.5

8.0-8.9

2.8

4.8

8.4

15.6

25.3

38.3

47.4

 

1.0

2.4

5.6

11.0

18.7

32.5

46.0

9.0-9.9

2.5

4.3

8.8

16.3

28.5

44.8

53.0

 

1.1

2.8

5.9

12.2

21.0

37.3

45.0

10-10.9

2.6

5.2

10.0

19.6

34.6

50.4

64.2

 

0.9

2.4

5.6

11.6

21.4

29.6

40.1

 

Neste teste, indicador da força superior, os rapazes obtiveram sempre melhores resultados médios que as raparigas e demonstraram tendência para melhorar com a idade (apesar de uma curiosa configuração de retrocessos e avanços de seis em seis meses). As raparigas praticamente mantêm a sua prestação média, não evidenciando mostras de melhoria com a idade. É necessário no entanto explicar que os valores apresentados no quadro 38 e figura 27 não representam as médias aritméticas (normalmente apresentadas) mas sim médias robustas (estimadas pelo procedimento Huber's M-Estimator). Ao observarmos os dados da distribuição percentílica (fig 28 e quadro 39) vemos que nos rapazes apenas as prestações mais baixas não parecem melhorar com a idade, enquanto nas raparigas este fenómeno é generalizado, acontecendo mesmo que as melhores prestações (percentis mais elevados) tendem a diminuir ligeiramente com a idade.

Quadro 40 – Valores médios no TSB de crianças madeirenses, crianças norte-americanas, e valores de referência para a zona saudável (Fitnessgram).

 

 

PORTUGAL

EUA

 

 

Madeira

Fitnessgram

PPF

Idade

 

Masc

Fem

Masc

Fem

Masc

Fem

6.0

 

-

-

2-8

2-8

6

5

7.0

 

-

-

2-8

2-8

8

6

8.0

 

9

5

2-8

3-8

10

8

9.0

 

9

5,5

3-10

4-10

10

8

10.0

 

9,5

5,5

4-10

4-10

12

8

É também interessante verificar que a população infanto-juvenil Vianense apresenta desempenhos bastante superiores aos valores de referência para a população norte-americana e aos valores nacionais das crianças madeirenses.

 


 


(voltar ao início)

Salto em Comprimento sem Corrida Preparatória (SCP)

 

Quadro 41 – Número de crianças (n), média (M) e desvio-padrão (DP) no teste SCP entre os 6 e os 10.5 anos.

 

 

Masc

 

 

 

Fem

 

Idade

n

M

DP

 

n

M

DP

6.0

55

99.8

16.6

 

62

87.8

14.5

6.5

267

101.4

16.5

 

254

92.4

14.5

7.0

223

106.6

17.7

 

233

95.6

15.8

7.5

272

112.0

17.6

 

262

102.4

14.7

8.0

214

119.0

19.3

 

229

105.5

15.6

8.5

276

122.4

18.4

 

281

110.6

14.8

9.0

208

128.7

18.6

 

218

113.9

18.2

9.5

246

131.2

19.0

 

270

119.8

17.3

10.0

167

136.1

19.6

 

184

118.3

18.9

10.5

71

133.1

21.5

 

51

115.0

20.6

Figura 29 – Valores médios no teste SCP entre os 6 e os

10.5 anos

 

Figura 30 – Representação percentílica do teste SCP (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.

 

Quadro 42 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 do teste SCP para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.

 

Masculino

 

Feminino

Idade

p05

p10

p25

p50

p75

p90

p95

 

p05

p10

p25

p50

p75

p90

p95

6.0-6.9

76.0

80.0

90.3

101.0

114.0

122.0

126.0

 

68.0

74.0

82.0

90.0

100.0

112.0

116.0

7.0-7.9

80.0

88.0

98.0

110.0

120.0

132.0

140.0

 

73.9

78.0

89.5

100.0

110.0

119.2

126.0

8.0-8.9

90.0

98.0

110.0

121.0

133.0

144.0

150.0

 

84.0

90.0

98.0

108.0

118.0

126.0

136.0

9.0-9.9

98.8

105.0

118.0

130.0

144.0

154.4

160.0

 

88.6

94.0

104.0

116.5

128.0

142.0

146.0

10-10.9

100.0

110.0

121.0

136.0

150.0

160.0

164.8

 

90.0

94.0

104.0

117.0

130.0

142.0

151.7

  

A diferença de prestação entre os dois sexos nesta prova foi sempre favorável aos rapazes, mantendo-se estável até aos 9.5 anos e aumentando ligeiramente a partir daí, muito devido à maior inflexão no desempenho por parte das raparigas. De facto, após um período em que as prestações aumentam sempre em cada período de seis meses (fig 29), existe uma clara diminuição do desempenho que parece afectar sobretudo (ou pelo menos mais cedo) as meninas.

Observando as curvas percentílicas representadas em intervalos de ano completo (fig. 30), confirmamos que os rapazes mostram evoluir sempre de ano para ano na sua prestação, independentemente de saltarem pouco ou muito. Já no grupo das raparigas apenas aquelas que saltam mais (acima do p75) continuam a melhorar os seus desempenhos ao longo dos cinco anos, enquanto todas as outras estabilizam a dado momento. A tendência parece indicar que quanto mais baixa for a prestação menor é o incremento ao longo das idades, originando assim um maior fosso entre as raparigas mais e menos proficientes nesta tarefa.

Quadro 43 – Valores médios do teste SCP recolhidos em estudos nacionais

 

PORTUGAL

 

Maia

Madeira

Açores

Idade

Masc

Fem

Masc

Fem

Masc

Fem

6.0

83.0

78.5

-

-

95.0

87.0

7.0

94.0

85.0

-

-

106.0

101.0

8.0

105.2

89.0

125.0

117.0

112.0

106.0

9.0

111.3

99.0

133.0

127.0

-

-

10.0

-

-

145.0

132.0

-

-

As nossas crianças apresentam valores bastante semelhantes às crianças açorianas mas, comparando com os valores recolhidos no concelho de Maia, constatamos que apresentam resultados superiores e que esta diferença se acentua ao longo da idade (cerca de +17.5-19 cm aos 9 anos). Inversamente, as crianças madeirenses apresentam valores médios superiores às crianças Vianenses atingindo diferenças aos 10 anos na ordem dos 9 cm para os rapazes e dos 15 cm para as raparigas.

 


(voltar ao início)

Corrida de Resistência em Vai-vem de 20 metros (CVV)

 

Quadro 44 – Número de crianças (n), média (M) e desvio-padrão (DP) no teste CVV entre os 6 e os 10.5 anos de idade.

 

 

Masc

 

 

 

Fem

 

Idade

n

M

DP

 

n

M

DP

6.0

54

24.6

12.2

 

64

20.5

9.1

6.5

268

24.1

12.2

 

252

20.9

9.7

7.0

224

26.4

13.3

 

231

22.9

10.6

7.5

273

29.2

14.0

 

263

24.1

10.5

8.0

213

34.1

15.0

 

229

26.7

12.8

8.5

273

36.5

16.1

 

278

27.4

12.4

9.0

206

41.1

15.9

 

217

29.5

13.7

9.5

246

41.8

18.4

 

269

32.2

13.3

10.0

167

46.4

18.8

 

181

32.5

14.9

10.5

71

44.5

20.9

 

49

32.2

15.4

 

Figura 31 – Valores médios no teste CVV entre os 6 e os 10.5 anos de idade.

 

Figura 32 – Representação percentílica no teste CVV (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.

 

Quadro 45 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 no teste CVV para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.

 

Masculino

 

Feminino

Idade

p05

p10

p25

p50

p75

p90

p95

 

p05

p10

p25

p50

p75

p90

p95

6.0-6.9

8.0

10.0

14.0

21.0

33.0

40.0

48.0

 

8.0

9.0

13.0

19.0

27.0

34.0

37.0

7.0-7.9

9.0

11.0

17.0

26.0

36.0

47.0

53.0

 

10.0

11.8

16.0

21.0

29.0

39.0

43.1

8.0-8.9

12.0

14.0

23.0

34.0

47.0

57.0

61.0

 

10.0

13.0

17.0

25.0

35.0

43.0

50.0

9.0-9.9

16.0

18.6

28.0

41.0

54.0

64.0

72.0

 

12.0

14.1

21.0

29.0

40.0

49.0

55.5

10-10.9

14.0

19.5

31.0

45.5

62.0

71.0

77.0

 

12.3

15.0

20.5

31.0

43.0

55.0

60.7

 

A corrida de resistência em vai-vem de 20 metros é considerada um excelente teste marcador para a resistência cardiovascular. Trata-se de uma prova de esforço progressivo em que o ritmo de corrida de cada percurso de 20 metros é normalmente marcado por um sinal sonoro externo (ver descrição no anexo A). Esta prova é ainda pouco utilizada com crianças abaixo dos 10 anos de idade, devido à dificuldade de cumprir os ritmos marcados. No nosso caso pensamos ter resolvido este problema com a utilização de um adulto que corria durante toda a prova a marcar o ritmo pretendido.

Os rapazes evidenciaram um aumento generalizado da prestação média até aos 10.5 anos, enquanto as raparigas parecem estabilizá-la por volta dos 9.5 anos (fig 31). A prestação das meninas foi sempre inferior à dos rapazes, com a diferença a tornar-se mais relevante com o passar da idade. Observando a distribuição percentílica (fig 32) percebemos que o fosso entre os melhores e os piores desempenhos aumenta à medida que as idades também aumentam, e mais uma vez é na parte inferior da distribuição (nas crianças com pior prestação) que as melhorias são menos visíveis ou quase nulas. Ao analisarmos os valores critério recomendados pela bateria de testes do Fitnessgram, concluímos que quase todas as nossas crianças aos dez anos (86.6% dos rapazes e 90.9% das raparigas) se apresentam dentro ou acima dos limites recomendados como a zona saudável da aptidão aeróbia (23-61 para rapazes; 15-41 para raparigas).

  


(voltar ao início)

Corrida de 50 metros (C50m)

 

Quadro 46 – Número de crianças (n), média (M) e desvio-padrão (DP) no teste C50m entre os 6 e os 10.5 anos de idade.

 

 

Masc

 

 

 

Fem

 

Idade

n

M

DP

 

n

M

DP

6.0

49

11.6

1.0

 

62

12.3

1.0

6.5

257

11.6

1.1

 

243

12.2

1.1

7.0

221

11.2

1.0

 

224

11.8

1.1

7.5

271

10.8

0.9

 

260

11.4

0.9

8.0

208

10.5

0.9

 

224

11.0

0.9

8.5

272

10.2

0.9

 

276

10.8

0.9

9.0

200

9.9

0.8

 

216

10.6

1.0

9.5

245

9.9

0.8

 

268

10.3

0.8

10.0

167

9.7

0.8

 

181

10.2

0.9

10.5

71

9.7

0.8

 

49

10.2

0.9

Figura 33 – Valores médios no teste C50m entre os 6 e os 10.5 anos de idade.

 

Figura 34 – Representação percentílica do teste C50m (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.

 

Quadro 47 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 do teste C50m para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.

 

Masculino

 

Feminino

Idade

p05

p10

p25

p50

p75

p90

p95

 

p05

p10

p25

p50

p75

p90

p95

6.0-6.9

10.0

10.3

10.8

11.4

12.1

12.8

13.6

 

10.7

10.8

11.5

12.2

13.0

13.8

14.1

7.0-7.9

9.7

9.9

10.3

10.9

11.6

12.3

12.7

 

10.1

10.4

10.8

11.4

12.1

13.0

13.3

8.0-8.9

9.1

9.3

9.7

10.2

10.8

11.5

12.1

 

9.5

9.8

10.3

10.8

11.5

12.1

12.6

9.0-9.9

8.7

8.9

9.3

9.8

10.4

11.0

11.5

 

9.2

9.4

9.8

10.3

10.9

11.7

12.1

10-10.9

8.5

8.7

9.1

9.6

10.2

10.9

11.3

 

9.1

9.2

9.6

10.0

10.7

11.4

12.0

  

Quadro 48 – Valores médios do teste C50m apresentados pelas crianças da Maia.

 

 

PORTUGAL

 

 

Maia

Idade

 

Masc

Fem

6.0

 

10.6

11.2

7.0

 

10.1

10.4

8.0

 

9.4

9.9

9.0

 

9.2

9.5

10.0

 

-

-

O que se constata claramente pela análise das médias por idade (figura 33) é que o comportamento dos dois sexos nesta prova é bastante semelhante. Após um primeiro momento (6 – 6.5 anos) em que a prestação se mantém segue-se uma melhoria (embora ligeira) da velocidade com a idade, tornando a estabilizar dos 9.5 aos 10.5 anos. Os rapazes são sempre mais rápidos que as raparigas, o que é bem evidente pelas curvas médias e percentílicas, com as melhorias dos tempos médios entre os 6 e os 10.5 anos a cifrarem-se em cerca de 2 segundos. Pela análise das curvas e dados percentílicos percebe-se mais uma vez a grande diferença entre sexos. É ainda importante mencionar que nesta prova a dispersão de valores (diferença entre os mais rápidos e mais lentos) se mantêm ao longo das idades estudadas e nos dois sexos.

Estes valores são muito semelhantes aos encontrados na população infantil do concelho da Maia (quadro 48) onde se verificou também uma melhoria da velocidade com o avançar da idade em ambos os sexos.
 


(voltar ao início)

Corrida de Agilidade 4x10 metros (Shuttle Run) (SHR)

 

Quadro 49 – Número de crianças (n), média (M) e desvio-padrão (DP) no teste SHR entre os 6 e os 10.5 anos de idade.

 

 

Masc

 

 

 

Fem

 

Idade

n

M

DP

 

n

M

DP

6.0

54

13.2

0.9

 

64

14.2

1.1

6.5

268

13.4

1.2

 

254

14.1

1.1

7.0

225

13.0

1.1

 

233

13.7

1.1

7.5

272

12.8

0.9

 

262

13.3

0.9

8.0

213

12.4

1.0

 

228

13.1

0.9

8.5

276

12.2

0.8

 

279

12.8

0.8

9.0

208

11.9

0.8

 

218

12.6

0.9

9.5

245

11.8

0.9

 

270

12.3

0.8

10.0

167

11.6

0.8

 

183

12.3

0.9

10.5

71

11.7

0.9

 

50

12.5

1.0

Figura 35 – Valores médios no teste SHR entre os 6 e os 10.5 anos de idade.

 

Figura 36 – Representação percentílica do teste SHR (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.

 

Quadro 50 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 do teste SHR para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.

 

Masculino

 

Feminino

Idade

p05

p10

p25

p50

p75

p90

p95

 

p05

p10

p25

p50

p75

p90

p95

6.0-6.9

11.9

12.1

12.6

13.2

14.0

14.8

15.5

 

12.5

12.8

13.3

14.0

14.7

15.6

16.1

7.0-7.9

11.5

11.8

12.2

12.7

13.4

14.1

14.7

 

12.0

12.3

12.8

13.4

14.0

14.7

15.4

8.0-8.9

11.0

11.3

11.7

12.2

12.7

13.4

13.8

 

11.7

11.9

12.3

12.9

13.4

14.1

14.6

9.0-9.9

10.6

10.8

11.2

11.7

12.3

12.9

13.3

 

11.1

11.5

11.8

12.4

12.9

13.5

13.9

10-10.9

10.4

10.6

11.0

11.5

12.2

12.6

13.3

 

10.9

11.3

11.7

12.3

13.0

13.5

14.1

  

Quadro 51 – Valores médios do teste SHR apresentados pelas crianças do concelho da Maia (Pereira, 2000) e crianças dos EUA.

 

 

PORTUGAL

EUA

 

 

Maia

PPF

Idade

 

Masc

Fem

Masc

Fem

6.0

 

13.3

13.9

13.3

13.8

7.0

 

12.9

13.3

12.8

13.2

8.0

 

12.3

12.8

12.2

12.9

9.0

 

11.8

12.5

11.9

12.5

10.0

 

-

-

11.5

12.1

Na prova de agilidade (shuttle run 10 metros) encontramos praticamente a mesma tendência registada na corrida de 50 metros em velocidade. Os rapazes são mais proficientes que as raparigas em todas as idades, e ambos os sexos registaram valores idênticos nas duas primeiras idades testadas (6 e 6.5 anos). Nos últimos três momentos de testagem (9 aos 10.5 anos) as prestações estabilizam e começam mesmo a piorar, o que pode indiciar um retrocesso do desempenho associado a este período de desenvolvimento.

Comparativamente, as crianças Vianenses apresentam valores médios muito semelhantes quer quanto aos valores recolhidos no concelho da Maia, quer relativamente aos dados de referência internacional (quadro 51).

 


(voltar ao início)

Senta-e-Alcança (Sit-and-reach) (SR)

 

Quadro 52 – Número de crianças (n), média (M) e desvio-padrão (DP) no teste SR entre os 6 e os 10.5 anos de idade.

 

 

Masc

 

 

 

Fem

 

Idade

n

M

DP

 

n

M

DP

6.0

55

26.2

6.5

 

64

27.6

5.6

6.5

269

25.7

5.9

 

254

27.6

5.2

7.0

226

25.7

5.2

 

235

27.8

5.6

7.5

272

25.0

5.9

 

263

27.0

5.2

8.0

214

24.3

5.8

 

229

26.3

6.5

8.5

276

24.5

6.1

 

280

27.2

5.6

9.0

208

24.2

6.1

 

219

26.4

6.3

9.5

246

24.1

6.2

 

270

26.6

6.0

10.0

168

23.8

6.0

 

185

25.3

6.6

10.5

71

23.5

6.4

 

51

24.5

5.5

Figura 37 – Valores médios no teste SR entre os 6 e os 10.5 anos de idade.

  

Figura 38 – Representação percentílica do teste SR (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.

 

Quadro 53 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 do teste SR para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.

 

Masculino

 

Feminino

Idade

p05

p10

p25

p50

p75

p90

p95

 

p05

p10

p25

p50

p75

p90

p95

6.0-6.9

14.0

18.0

23.0

26.0

30.8

33.0

34.0

 

18.0

21.0

24.0

28.0

31.0

34.0

35.0

7.0-7.9

15.2

18.0

22.0

26.0

29.0

32.0

33.8

 

18.0

20.0

24.0

28.0

31.0

34.0

36.0

8.0-8.9

14.0

16.0

20.0

25.0

28.0

32.0

34.0

 

16.0

19.0

23.0

28.0

31.0

34.0

36.0

9.0-9.9

13.8

16.0

20.0

25.0

29.0

31.0

34.0

 

16.0

18.0

23.0

27.0

31.0

34.0

37.0

10-10.9

13.0

15.0

20.0

24.0

28.0

31.5

33.0

 

14.0

17.0

21.0

26.0

29.5

33.0

35.0

 

O teste de flexibilidade da coluna - sit-and-reach - foi o único em que a prestação diminuiu com a idade (apesar de pouco) em ambos os sexos, e em que as raparigas foram mais proficientes que os rapazes.

A análise da distribuição percentílica (fig 38 e quadro 53) permite-nos no entanto verificar que o retrocesso no desempenho se sentiu principalmente nas crianças com pouca flexibilidade (percentis mais baixos), enquanto as que se situaram no p50 ou acima parecem conservar os níveis de flexibilidade.

 

Quadro 54 – Valores médios no teste SR de crianças madeirenses e de referência para a população norte-americana.

 

 

PORTUGAL

EUA

 

 

Madeira

AAHPERD

PPF

Idade

 

Masc

Fem

Masc

Fem

Masc

Fem

6.0

 

-

-

25

25

26

27

7.0

 

-

-

25

25

25

27

8.0

 

18.8

20.0

25

25

25

28

9.0

 

18.0

19.5

25

25

25

28

10.0

 

17.5

19.8

25

25

25

28

 

Os resultados mostram que em ambos os sexos os níveis de flexibilidade são muitos semelhantes aos valores de referência para a população norte-americana. Comparativamente com os valores médios nacionais, as crianças Vianenses apresentam resultados superiores às crianças madeirenses registando-se uma diferença de 6.5 -7.5 cm aos 10 anos de idade.

 

(voltar ao início)


Rodrigues L, Sá C, Bezerra P, Saraiva L (2006). Estudo Morfofuncional da Criança Vianense . Viana do Castelo: CMVC.