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Estudo Morfofuncional da Criança Vianense.
Valores
normativos de crescimento, morfologia e aptidão física Luís Paulo Rodrigues, César Sá, Pedro Bezerra, e Linda Saraiva Departamento de Motricidade Humana Escola Superior de Educação | Instituto Politécnico de Viana do Castelo Novembro 2006 | EMCV | INÍCIO | INTRODUÇÃO | MORFOLOGIA | APTIDÃO FÍSICA | CONCLUSÕES | BIBLIOGRAFIA | APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DE MORFOLOGIA Índice de Massa Corporal (IMC) Percentagem de Massa Gorda (%MG) Perímetro do Braço com Contracção (PBRC) Diâmetro Bicôndilo Umeral (DBCU) Diâmetro Bicôndilo Femoral (DBCF) Neste capítulo apresentamos os resultados relativos às variáveis morfológicas: altura (ALT), peso, índice de massa corporal (IMC), percentagem de massa gorda (%MG), pregas adiposas tricipital (SKTRI), sub-escapular (SKSBS), suprailíaca (SKSIL), e geminal (SKGEM), perímetros do braço com contracção (PBRC), perímetro geminal (PGML), diâmetros bicôndilo-umeral (DBCU) e bicôndilo-femural (DBCF). Para cada uma delas apresentamos em primeiro lugar a representação gráfica e tabular dos valores médios e de desvio-padrão para ambos os sexos. Seguidamente podem ainda ser consultados os valores da distribuição percentílica (percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95) por sexo e idade. A análise efectuada aos dados recolhidos centra-se na descrição e comparação dos percursos de desenvolvimento para os rapazes e raparigas. Para tal foram utilizados valores recolhidos na população portuguesa em estudos contemporâneos com valores amostrais de grande dimensão, nomeadamente o Estudo de crescimento da Maia (Pereira, 2000), o Estudo de crescimento da Madeira (Freitas, 2002), o Estudo do crescimento somático, aptidão física e capacidade de coordenação corporal de crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico da Região Autónoma dos Açores (Maia et al., 2002, 2003, 2006), a Reavaliação antropométrica da população infantil de Lisboa (Vieira e Fragoso, in press), e os resultados relativos a dados de Portugal Continental (Padez, Fernandes, Mourão, Moreira, Rosado, 2004). No intuito de percebermos também as mudanças ocorridas no crescimento somático da população Vianense ao longo das últimas quatro décadas, é feita a comparação com o Estudos sobre o desenvolvimento da criança portuguesa em idade escolar, levado a cabo entre 1971-1981 (Rosa, 1983). Nas comparações internacionais optamos por utilizar preferencialmente os valores da população dos EUA, relativos ao National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) já que são os valores normativos usualmente adoptados para a população pediátrica portuguesa pelo Sistema Nacional de Saúde. Os resultados citados nesta publicação referem-se ao NHANES III (Ogden, Fryar, Carroll, & Flegal, 2004), realizado no período 1988-94, e aos resultados já disponíveis do período 1999-2002 do NHANES IV (McDowell, Fryar, Hirsch, & Ogden, 2005). Quadro 4 – Número de crianças (n), média (M) e desvio-padrão (DP) da altura entre os 6 e os 10.5 anos.
Figura 1 – Valores médios da altura entre os 6 e os 10.5 anos
Figura 2 – Representação percentílica da altura (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Quadro 5 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 da altura para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
O crescimento estatural é um dos indicadores mais utilizados para avaliar o estado de desenvolvimento dos indivíduos e das populações. A saúde, nutrição, e bem-estar de uma sociedade reflecte-se na sua média estatural e na forma como evolui ao longo dos tempos (fenómeno conhecido como tendência secular de crescimento). Ao mesmo tempo, habituámo-nos já a reconhecer que a posição relativa (percentílica) de uma criança no seio da sua população e ao longo do crescimento, constitui informação fundamental para a avaliação do seu desenvolvimento. No caso da população infanto-juvenil de Viana do Castelo, e como se pode verificar pelos valores médios representados na figura 1 e no quadro 4, os rapazes são ligeiramente mais altos que as raparigas entre os seis e os dez anos, mas esta diferença vai-se esbatendo progressivamente ao longo da idade até que aos 10.5 anos as raparigas passam a ser mais altas (possivelmente devido às modificações relativas ao início do salto pubertário nas meninas).
Quadro 6 – Valores médios de altura recolhidos em Viana do Castelo há duas décadas e em estudos nacionais e internacionais contemporâneos.
Comparando com os valores recolhidos no concelho em 1981 por Ribeiro Rosa, constatamos que a altura média dos rapazes e raparigas entre os 7-10 anos aumentou cerca de 10 cms nos últimos 30 anos, sendo hoje idêntica às médias nacionais do continente, da Maia, Lisboa, Açores e Madeira (quadro 6). Relativamente aos valores estimados na população norte-americana pelo NHANES IV em 2004 (e que são os utilizados como valores de referência para a população pediátrica portuguesa), as nossas crianças apresentam uma estatura média ligeiramente inferior ao longo da idade até que aos 10 anos esta diferença se cifra à volta de 1,5 cm para os rapazes e cerca de 3,5 cm para as raparigas. Quadro 7 – Número de crianças (n), média (M) e desvio-padrão (DP) do peso entre os 6 e os 10.5 anos.
Figura 3 – Valores médios do peso entre os 6 e os 10.5 anos.
Figura 4 – Representação percentílica do peso (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Quadro 8 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 do peso para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Sendo a forma mais directa e usual de quantificar a massa corporal, o peso pode fornecer-nos informações acerca das condições de nutrição dos indivíduos e das populações ao longo do crescimento. No entanto o peso não nos dá indicações sobre a variabilidade dos diferentes constituintes implicados (músculo, osso, adiposidade, água, vísceras, etc.), pelo que as ilações acerca do peso da(s) criança(s) devem ser criteriosas. Na população Vianense, rapazes e raparigas apresentaram valores médios de peso muito semelhantes entre os 6 e os 10.5 anos, aumentando de 1.1 a 2.2 kg em cada período de seis meses (figura 3 e quadro 7). Isto quer também dizer que as nossas crianças pesam hoje mais do que em 1981, e que quanto mais velhos maior a diferença (de cerca de 5 kg aos 7 anos para 8 kg aos 10 anos). Estes valores actuais são muito semelhantes aos encontrados hoje na Maia e Portugal continental (7 e os 9.5 anos), e em particular aos da população Lisboeta em 2001. São ligeiramente inferiores (cerca de 1 kg) aos da população açoriana até aos dez anos, mas cerca de 2 a 3 kg superiores aos reportados na Madeira (ver quadro 9). Comparativamente com as médias reportadas no estudo de NHANES IV as nossas crianças apresentam valores médios mais baixos a partir dos 7 anos, atingindo aos 10 anos diferenças de cerca de 2,5 kg a menos nos rapazes e de 3,5 Kg nas raparigas.
Quadro 9 – Valores médios do peso recolhidos em Viana do Castelo há duas décadas e em estudos nacionais e internacionais contemporâneos.
Índice de Massa Corporal (IMC) Quadro 10 – Número de crianças (n), média (M) e desvio-padrão (DP) do IMC entre os 6 e os 10.5 anos.
Figura 5 – Valores médios de IMC entre os 6 e os 10.5 anos.
Figura 6 – Representação percentílica do IMC (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Quadro 11 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 do IMC para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
O índice de massa corporal (IMC) é um indicador que relativiza o peso à altura do indivíduo e estima-se dividindo o peso em quilogramas pelo quadrado da estatura em metros (IMC = Peso/Altura2). A simplicidade dos procedimentos necessários à sua determinação faz dele um indicador amplamente utilizado na avaliação do estatuto ponderal dos indivíduos e populações, sendo mesmo utilizado pelas organizações internacionais mais credíveis (OMS, CDC, IOTF [1]) no âmbito do estudo e recomendações sobre subnutrição, excesso de peso e obesidade. Na população Vianense, a média do IMC, sendo praticamente igual entre rapazes e raparigas, aumenta sistematicamente ao longo da idade (cerca de 2.3 kg/m2 entre os 6 e os 10.5 anos).
Quadro 12 – Valores médios do IMC recolhidos em estudos nacionais e internacionais contemporâneos.
Comparativamente com os dados nacionais, as crianças Vianenses apresentaram valores ligeiramente superiores aos encontrados nos seus pares madeirenses, mas semelhantes aos reportados em Portugal Continental e nos Açores. Já quanto aos jovens norte-americanos, as nossas crianças apresentaram uma média de IMC ligeiramente inferior a partir dos 8 anos e em ambos os sexos. No despiste do excesso de peso, preocupação premente das sociedades modernas, um adulto é considerado com excesso de peso se possuir um IMC superior a 25 kg/m2, e obeso quando acima de 30 kg/m2. Para o período infanto-juvenil a IOTF (Cole, Bellizzi, Flegal, & Dietz, 2000) propõe valores de corte do IMC que, sendo específicos para as diferentes idades procuram predizer os que serão obtidos na idade adulta. Utilizando esses valores procuramos detectar a percentagem de crianças que apresentam evidências de excesso de peso e obesidade (quadro 13).
Quadro 13 – Valores de corte sugeridos pela IOTF para diagnosticar o excesso de peso/obesidade em cada idade e a percentagem de crianças do EMCV que se encontram acima desses valores.
Nota: No conjunto das crianças com excesso de peso estão também incluídas as consideradas obesas.
Para o conjunto das crianças testadas 26% dos rapazes e 30.9% das raparigas apresentaram um peso acima do valor ideal para a sua altura. Sinais de obesidade foram identificados em 6.8% dos rapazes e 8.2% das raparigas. A percentagem de raparigas com excesso de peso sofreu uma diminuição ligeira ao longo da idade, enquanto nos rapazes se verificou o fenómeno inverso. Note-se no entanto que a percentagem de crianças consideradas obesas tende a diminuir com a idade em ambos os sexos.
Percentagem de Massa Gorda (%MG)
Quadro 14 – Número de crianças (n), média (M) e desvio-padrão (DP) da %MG entre os 6 e os 10.5 anos de idade.
Nota: As médias apresentadas no gráfico e quadro são valores robustos (Hubert’s M), no entanto os DP são os normais. Figura 7 – Valores médios de %MG entre os 6 e os 10.5 anos de idade.
Figura 8 – Representação percentílica da %MG (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Quadro 15 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 da %MG para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Conhecer qual a percentagem da massa corporal total que é constituída por massa adiposa é extremamente útil para a definição do estado de aptidão morfológica e de saúde dos indivíduos. É sabido que adultos com percentagens de massa adiposa superiores a 25% nos homens e 30% nas mulheres apresentam perfis metabólicos classificados como de risco quando se fala de doenças e/ou acidentes cardiovasculares. Nas crianças e jovens estes valores parecem não constituir factor de risco tal como acontece para os adultos, no entanto sabe-se que indivíduos que apresentam valores elevados de percentagem de massa gorda (%MG) na infância e juventude tendem a preservá-los e aumentá-los no seu percurso para a idade adulta. Comparativamente ao IMC, a %MG permite uma avaliação mais precisa dos níveis de adiposidade, já que estes constituem o fulcro objectivo da avaliação enquanto no IMC se depreendem indirectamente a partir de uma medida (peso) que reflecte também outras componentes (massa muscular, massa óssea, vísceras e água). No caso das crianças Vianenses, o que constatamos é que as raparigas apresentam sempre valores de %MG superiores aos dos rapazes (cerca de 3%). Na globalidade, e ao longo do período de crescimento estudado, as crianças de ambos os sexos aumentaram os seus valores médios de gordura corporal, no entanto a partir dos 9 anos parece existir um abrandamento ou mesmo estabilização deste fenómeno. Observando os valores percentílicos representados na figura 8 e quadro 15, verificamos que para as crianças que se situam acima do percentil 50 os valores de massa adiposa são muito mais elevados, e aumentam mais rapidamente de ano para ano. Se tomarmos como referência os valores de 25% e 30% MG, respectivamente para rapazes e raparigas, verificamos que a percentagem da população em risco aumenta sempre de ano para ano (6.8%, 10.2%, 14.0%, 20.3%, e 25.5% para os rapazes; 4.7%, 7.6%, 10.6%, 11.9%, e 18.3% para as raparigas). Assim, e aos dez anos de idade cerca de 25% dos rapazes e 18% das raparigas apresentam já valores de %MG acima dos valores indicados como referência máxima para a saúde[2].
Prega Tricipital (SKTRI)
Quadro 16 – Número de crianças (n), média (M) e desvio-padrão (DP) da SKTRI entre os 6 e os 10.5 anos.
Nota: As médias apresentadas no gráfico e quadro são valores robustos (Hubert’s M), no entanto os DP são os normais. Figura 9 – Valores médios da SKTRI entre os 6 e os 10.5 anos.
Figura 10 – Representação percentílica da SKTRI (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Quadro 17 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 da SKTRI para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Prega Geminal (SKGEM)
Quadro 18 – Número de crianças (n), média (M) e desvio-padrão (DP) da SKGEM entre os 6 e os 10.5 anos.
Nota: As médias apresentadas no gráfico e quadro são valores robustos (Hubert’s M), no entanto os DP são os normais. Figura 11 – Valores médios da SKGEM entre os 6 e os 10.5 anos.
Figura 12 – Representação percentílica da SKGEM (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Quadro 19 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 da SKGEM para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Prega Subescapular (SKSBS)
Quadro 20 – Número de crianças (n), média (M) e desvio-padrão (DP) da SKSBS entre os 6 e os 10.5 anos.
Nota: As médias apresentadas no gráfico e quadro são valores robustos (Hubert’s M), no entanto os DP são os normais. Figura 13 – Valores médios da SKSBS entre os 6 e os 10.5 anos.
Figura 14 – Representação percentílica da SKSBS (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos.
Quadro 21 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 da SKSBS para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos.
Prega Suprailíaca (SKSPIL)
Quadro 22 – Número de crianças (n), média (M) e desvio-padrão (DP) da SKSPIL entre os 6 e os 10.5 anos.
Nota: As médias apresentadas no gráfico e quadro são valores robustos (Hubert’s M), no entanto os DP são os normais. Figura 15 – Valores médios da SKSPIL entre os 6 e os 10.5 anos.
Figura 16 – Representação percentílica da SKSPIL (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Quadro 23 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 da SKSPIL para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Através das medições das pregas adiposas podemos avaliar com maior precisão a verdadeira contribuição da componente adiposa na morfologia dos indivíduos. Neste estudo procedemos à mensuração de quatro pregas adiposas distribuídas por três regiões corporais: membros superiores (tricipital), tronco (subescapular e suprailíaca) e membros inferiores (geminal). De entre estas pregas, a tricipital é usualmente considerada como aquela que mais se correlaciona com o nível de adiposidade corporal. Devido à assimetria dos resultados os valores apresentados nas figuras 9, 11, 13 e 15, e nos quadros 16, 18, 20, e 22, são médias robustas (estimadas pelo procedimento Huber's M-Estimator) e não as médias aritméticas até aqui usadas. Esta opção foi tomada para assegurar maior ajustamento das médias à população, já que a grande assimetria da distribuição dos valores de adiposidade em ambos os sexos originaria médias reais mais elevadas mas desajustadas da representação real da criança média.
Quadro 24 – Valores médios da SKTRI, SKGML, SKSBS e SKSPL recolhidos em estudos nacionais e internacionais contemporâneos.
Pela análise das figuras figuras 9, 11, 13 e 15, e quadros 16, 18, 20, e 22 , facilmente se comprova que as raparigas possuem sempre valores mais elevados em todas as pregas. Duma forma geral, as pregas adiposas das crianças vão aumentando ligeiramente ao longo do crescimento e existe uma tendência para acumularem mais massa adiposa nas extremidades que no tronco. Apesar de não existir um valor de referência para classificar as pregas adiposas, podemos considerar que os valores apresentados pelas crianças Vianenses posicionadas no percentil 50 são relativamente baixos. Isso mesmo se evidencia quando se consulta o quadro 24, onde se encontram representadas os valores médios da SKTRI, SKGML, SKSBS e SKSPL recolhidos em estudos nacionais e internacionais contemporâneos (relembramos que a comparação não pode ser feita directamente a partir das médias apresentadas para as crianças vianenses, por estas serem a versão robusta). Apesar disso, observando os valores percentílicos representados nas figuras 10, 12, 14, e 16, e quadros 17, 19, 21, e 23, apercebemo-nos que as crianças que se situam acima do p50, os valores não só são muito mais elevados como ainda por cima aumentam bastante de ano para ano. Esta característica faz denotar a extrema assimetria entre os valores de adiposidade existente nesta população. Enquanto cerca de metade das crianças (abaixo do p50) possuem valores baixos e muito aproximados de massa gorda subcutânea, a outra metade revela um grande distanciamento dos valores médios, e uma grande variabilidade dos valores entre si. Especial preocupação deve pois incidir sobre as crianças que se situam acima do p75, visto que após os 8 anos apresentam já pregas adiposas de grande dimensão.
Perímetro do Braço com Contracção (PBRC)
Quadro 25 – Número de crianças (n), média (M) e desvio-padrão (DP) da PBRC entre os 6 e os 10.5 anos.
Figura 17 – Valores médios do PBRC entre os 6 e os 10.5 anos.
Figura 18 – Representação percentílica do PBRC (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Quadro 26 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 do PBRC para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Perímetro Geminal (PGML)
Quadro 27 – Número de crianças (n), média (M)e desvio-padrão (DP) da PGML entre os 6 e os 10.5 anos.
Figura 19 – Valores médios do PGML entre os 6 e os 10.5 anos de idade.
Figura 20 – Representação percentílica do PGML (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Quadro 28 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 do PGML para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Os perímetros musculares dão-nos indicações acerca da contribuição da componente muscular na morfologia corporal. Os dois perímetros medidos neste estudo referem-se à massa muscular dos braços (braquial com contracção) e pernas (geminal). Em ambos os casos rapazes e raparigas apresentam valores muito idênticos de massa muscular, que aumentam regularmente ao longo do crescimento. Quando comparamos os valores de dispersão entre os mais e os menos musculados, constatamos que as diferenças entre ambos são estáveis ao longo do crescimento (figuras 18 e 20).
Comparativamente aos resultados encontrados na população lisboeta no perímetro braquial com contracção, as nossas crianças denotam menores valores de muscularidade em todas as idades e sexos, mas o mesmo já não acontece relativamente às crianças madeirenses entre os 8-10 anos cujos valores são muito aproximados aos nossos. No perímetro geminal encontramos maiores valores nas crianças lisboetas, e resultados muito semelhantes nas raparigas madeirenses, mas inferiores nos rapazes.
Diâmetro Bicôndilo Umeral (DBCU)
Quadro 30 – Número de crianças (n), média (M) e desvio-padrão (DP) da DBCU entre os 6 e os 10.5 anos.
Figura 21 – Valores médios do DBCU entre os 6 e os 10.5 anos de idade.
Figura 22 – Representação percentílica do DBCU (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Quadro 31 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 do DBCU para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Diâmetro Bicôndilo Femoral (DBCF)
Quadro 32 – Número de crianças (n), média (M) e desvio-padrão (DP) da DBCF entre os 6 e os 10.5 anos.
Figura 23 – Valores médios do DBCU entre os 6 e os 10.5 anos de idade.
Figura 24 – Representação percentílica do DBCF (p05, p10, p25, p50, p75, p90, p95) para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Quadro 33 – Valores dos percentis 5, 10, 25, 50, 75, 90, e 95 do DBCF para o sexo masculino e feminino entre os 6 e os 10 anos de idade.
Para avaliarmos a contribuição da estrutura óssea na morfologia das crianças utilizamos duas medidas: o diâmetro bicôndilo umeral e o bicôndilo femoral. Estas medidas (e principalmente o DBCU) são reconhecidamente indicadores das dimensões em largura do esqueleto. Os valores recolhidos nestas crianças permitiram identificar diferenças importantes entre rapazes e raparigas nesta componente, com os rapazes a apresentarem larguras ósseas superiores aos seus pares do sexo feminino (cerca de 2 mm em média para o DBCU e 4 mm para o DBCF) em todas as idades. Observando as figuras 22 e 24 de distribuição percentílica é também fácil constatar que para todas as idades as diferenças entre os valores mínimos e máximos se mantiveram relativamente estáveis (cerca de 1.5 mm), já que as linhas percentílicas são quase paralelas. Comparativamente aos valores referenciados quer para a população infanto-juvenil lisboeta em 2001, quer para a norte-americana em 1994, as nossas crianças apresentam medidas de DBCU praticamente iguais. Já quanto ao DBCF as crianças vianenses apresentam valores muito semelhantes aos das lisboetas e ligeiramente superiores às madeirenses.
[1] Organização Mundial de Saúde, Center for Disease Control, International Obesity Task Force [2] Repare-se como estes valores são diferentes dos apresentados quando se tomam como referência o IMC (26% e 30.9% - excesso de peso; 6.8% e 8.2% - obesidade). |
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Rodrigues L, Sá C, Bezerra P, Saraiva L (2006). Estudo Morfofuncional da Criança Vianense . Viana do Castelo: CMVC. |